Já se deparou com alguém que parece viver em um universo paralelo, completamente fora da realidade? Talvez seja um familiar que acredita em teorias da conspiração ou um colega que nega as mudanças climáticas. Essas pessoas não são loucas, mas sim vítimas de um fenômeno psicológico chamado – dissonância cognitiva.
A dissonância cognitiva é a sensação de desconforto que surge quando temos duas crenças ou atitudes contraditórias, ou quando agimos de forma contrária ao que pensamos. Por exemplo, se você acredita que fumar é prejudicial à saúde, mas continua fumando, você está em dissonância cognitiva. Para reduzir esse desconforto, você pode tentar mudar seu comportamento (parar de fumar), mudar sua crença (fumar não é tão ruim assim), ou buscar informações que confirmem sua crença (fumar tem benefícios).
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O problema é que nem sempre as pessoas escolhem a opção mais racional ou saudável para resolver a dissonância cognitiva. Muitas vezes, elas preferem se apegar às suas crenças, mesmo que elas sejam falsas ou prejudiciais, e ignorar ou rejeitar qualquer evidência que as contradiga. Isso cria um efeito de “câmara de eco”, em que as pessoas só se expõem a informações que reforçam suas visões de mundo, e se isolam de outras perspectivas ou fontes de informação.
Esse comportamento pode ter consequências graves, tanto para os indivíduos quanto para a sociedade. As pessoas que vivem em universos paralelos podem perder oportunidades de aprendizado, crescimento e mudança, além de se tornarem mais intolerantes, radicais e hostis com quem pensa diferente. Além disso, elas podem tomar decisões erradas ou perigosas, baseadas em informações falsas ou distorcidas, que podem afetar sua saúde, sua segurança, seu bem-estar e seu futuro.
Como podemos evitar cair nessa armadilha? A resposta não é simples, mas existem algumas dicas que podem nos ajudar a manter uma mente aberta e crítica, e a reconhecer e corrigir nossas dissonâncias cognitivas. Algumas delas são:
– Buscar fontes de informação confiáveis, verificadas e diversificadas, que apresentem fatos e evidências, e não apenas opiniões ou especulações.
– Questionar nossas próprias crenças e atitudes, e verificar se elas são baseadas em dados ou em emoções, se elas são coerentes ou contraditórias, se elas são úteis ou prejudiciais.
– Ouvir e respeitar outras opiniões e pontos de vista, mesmo que não concordemos com eles, e tentar entender os argumentos e as motivações por trás deles.
– Reconhecer e admitir nossos erros, limitações e preconceitos, e estar dispostos a mudar de ideia quando necessário, com base em novas informações ou experiências.
– Buscar feedback e diálogo com pessoas que tenham conhecimento ou experiência sobre os assuntos que nos interessam, e que possam nos oferecer novas perspectivas ou insights.
Viver em um universo paralelo pode parecer confortável e seguro, mas também pode ser ilusório e perigoso. A realidade pode ser complexa e desafiadora, mas também pode ser fascinante e surpreendente. Cabe a nós escolhermos como queremos nos relacionar com ela, e quais universos queremos habitar.
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