Relacionamento abusivo: os fatores que prendem a vítima ao agressor

Muitas pessoas se perguntam por que alguém permanece em um relacionamento abusivo, onde sofre violência física, psicológica, emocional ou sexual. Essa pergunta, porém, ignora a complexidade e a dificuldade que envolvem essa decisão. Sair de um relacionamento abusivo não é tão simples assim, pois há diversos fatores que impedem ou dificultam a vítima de romper o ciclo de violência.

Um desses fatores é a manipulação que o agressor exerce sobre a vítima, alternando momentos de exaltação e de menosprezo. O agressor pode elogiar, presentear, pedir desculpas e prometer mudar, criando uma falsa esperança na vítima de que o relacionamento pode melhorar. Por outro lado, o agressor também pode criticar, ofender, humilhar e culpar a vítima, fazendo-a se sentir inferior, insegura e dependente.

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Outro fator é a violência cotidiana, que se manifesta de diversas formas, nem sempre perceptíveis ou denunciáveis. Algumas das principais e mais comuns formas de violência cotidiana são:

Controle disfarçado de preocupação: o agressor controla as roupas, os amigos, as redes sociais, os horários e as atividades da vítima, alegando que é para o seu bem ou para a sua segurança.

Humilhação: o agressor ridiculariza, xinga, ironiza e desrespeita a vítima, tanto na frente de outras pessoas quanto a sós, afetando a sua autoestima e a sua dignidade.

Bullying: o agressor faz piadas, apelidos, comentários ou gestos ofensivos, maldosos ou constrangedores sobre a vítima, ferindo a sua identidade e a sua integridade.

Desqualificação: o agressor desvaloriza, desmerece, ignora ou invalida os sentimentos, as opiniões, as conquistas ou as escolhas da vítima, fazendo-a se sentir incapaz, insignificante ou errada.

Elevação do tom de voz: o agressor grita, berra, rosna ou sussurra ameaçadoramente para a vítima, intimidando-a, assustando-a ou silenciando-a.

Falas no modo imperativo: o agressor impõe, ordena, exige ou proíbe a vítima de fazer ou deixar de fazer algo, demonstrando poder, autoridade ou superioridade.

Cobranças: o agressor cobra, pressiona, chantageia ou culpa a vítima por algo que ela fez ou deixou de fazer, ou por algo que ele fez ou deixou de fazer, gerando ansiedade, medo ou culpa.

Ameaça econômica: o agressor controla, restringe, esconde ou rouba o dinheiro ou os bens da vítima, ou a impede de trabalhar, estudar ou se qualificar, tornando-a financeiramente dependente ou vulnerável.

Esses fatores, entre outros, contribuem para que a vítima se sinta presa, confusa, isolada, envergonhada, culpada ou sem saída. Muitas vezes, a vítima não reconhece que está em um relacionamento abusivo, ou não sabe como sair dele, ou não tem apoio ou recursos para isso. Por isso, é importante que a sociedade não julgue, mas acolha, oriente e proteja as vítimas de relacionamentos abusivos, e que as incentive a buscar ajuda profissional e legal para romper o ciclo de violência e se libertar dessa situação.

Se você sofre ou conhece alguém que esteja sofrendo um relacionamento abusivo, procure ajude de amigos, familiares ou mesmo, apoio psicológico profissional. Encontre ajuda também no Centro de Valorização à Vida, discando 188.

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