Comunicação é um processo essencial para o funcionamento de qualquer equipe, pois permite a troca de informações, ideias, opiniões, sentimentos e feedbacks entre os seus membros. Uma comunicação eficaz favorece a cooperação, a criatividade, a produtividade, a confiança e o engajamento dos integrantes da equipe, além de prevenir e resolver conflitos. Por outro lado, a comunicação deficiente gera mal-entendidos, frustrações, desmotivação, erros e desempenho insatisfatório.
Nesse contexto de dualidade, a neurociência é uma forte aliada na melhoria da comunicação entre membros de uma equipe, pois oferece conhecimento aprofundado sobre como o cérebro humano processa e interpreta as informações que recebe e envia, bem como sobre como as emoções, as motivações e as relações sociais influenciam nesse processo.
Além disso, a comunicação é um fenômeno complexo que supera as palavras, envolvendo também a decodificação de gestos, emoções e intenções ocultas. De modo que a neurociência tem revelado que essa complexidade é espelhada na atividade cerebral. Quando uma pessoa se comunica, por exemplo, várias regiões do cérebro são acionadas, incluindo àquelas relacionadas à linguagem, percepção, emoção e memória.
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Algumas das contribuições da neurociência para a comunicação em equipe são:
- Reconhecer que cada pessoa tem uma forma particular de perceber e interpretar o mundo, de acordo com suas experiências, culturas, valores e emoções. Isso significa que o mapa não é o território, ou seja, que cada pessoa tem uma representação mental da realidade que pode ser diferente da dos outros. Portanto, é importante buscar compreender o ponto de vista do outro, respeitar as diferenças e evitar julgamentos precipitados ou generalizações. A neurociência ensina que podemos alterar nossa percepção da realidade ao mudarmos nosso foco de atenção, nossas crenças e/ou nossas emoções.
- Adaptar a forma de se comunicar ao perfil cognitivo e emocional do interlocutor. A neurociência mostra que existem diferentes estilos de pensamento e aprendizagem, que dependem das características individuais do cérebro de cada um. Por exemplo, algumas pessoas são mais visuais, outras mais auditivas ou cinestésicas (predominância de estímulos de tato, movimento e sensações); algumas são mais analíticas, outras mais intuitivas; algumas são mais racionais, outras mais emocionais. Assim, é importante identificar qual é o estilo predominante do interlocutor e usar uma linguagem adequada para se fazer entender e captar sua atenção.
- Usar estratégias para facilitar a memorização e a compreensão das informações. A neurociência revela que o cérebro tem uma capacidade limitada de armazenar e processar informações de forma consciente. Por isso, é preciso selecionar as informações mais relevantes e organizá-las de forma lógica e coerente. Além disso, é preciso usar recursos que estimulem os diferentes sentidos e que favoreçam a associação das informações com conhecimentos prévios ou com emoções positivas. Por exemplo, usar imagens, cores, sons, gestos, metáforas ou histórias.
- Estimular o feedback positivo e construtivo. A neurociência explica que o cérebro humano possui um sistema de recompensa que é ativado quando recebemos um elogio, um reconhecimento ou um incentivo. Esse sistema libera neurotransmissores como a dopamina e a serotonina, que geram sensações de prazer, satisfação e bem-estar. Essas sensações aumentam a motivação, a autoestima e a confiança dos membros da equipe. Por outro lado, o cérebro também possui um sistema de ameaça que é ativado quando recebemos uma crítica negativa ou um castigo. Esse sistema libera neurotransmissores como o cortisol e a adrenalina, que geram sensações de medo, ansiedade e estresse. Essas sensações diminuem a motivação, a autoestima e a confiança dos membros da equipe.
- Promover um clima de confiança, respeito e cooperação na equipe. A neurociência mostra que o cérebro humano é social, ou seja, que precisa de interações positivas com outras pessoas para se desenvolver e se manter saudável. O cérebro possui um sistema de afiliação que é ativado quando sentimos que pertencemos a um grupo, que somos aceitos e valorizados pelos outros. Esse sistema libera neurotransmissores como a ocitocina e a endorfina, que geram sensações de amor, alegria e felicidade. Essas sensações fortalecem os laços afetivos e a lealdade entre os membros da equipe.
A neurociência enfim oferece uma visão fascinante sobre os processos cerebrais subjacentes à comunicação humana. Ao compreender como nossos cérebros processam informações e interagem com os outros, podemos aplicar insights interessantes em prol da melhoria significativa da comunicação entre os membros de uma equipe. A consciência das diferenças individuais, a prática da escuta ativa, a atenção à comunicação não verbal, o uso de histórias envolventes e a redução do estresse são apenas algumas maneiras pelas quais a neurociência pode ser integrada ao ambiente de trabalho para promover uma comunicação mais eficaz e colaborativa.
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