Reclamação: um hábito que prejudica o cérebro e a saúde

Quem nunca se sentiu esgotado, desmotivado ou irritado depois de escutar alguém reclamar por muito tempo? Isso não é coincidência. A ciência mostra que a reclamação tem efeitos negativos no cérebro e no corpo, tanto de quem reclama quanto de quem a escuta.

A reclamação é um hábito que pode ser influenciado por crenças limitantes, ou seja, pensamentos negativos sobre si mesmo, os outros ou o mundo. Essas crenças podem gerar emoções como medo, raiva, culpa ou tristeza, que por sua vez estimulam a produção de hormônios do estresse, como o cortisol.

O cortisol é uma substância que prepara o organismo para enfrentar situações de perigo, mas que em excesso pode causar danos à saúde. Entre os efeitos do cortisol estão o aumento da pressão arterial, a diminuição da imunidade, o acúmulo de gordura abdominal, a redução da massa muscular e óssea, o envelhecimento precoce e a alteração do humor. Além disso, o cortisol afeta o funcionamento do cérebro, prejudicando a:

Capacidade cognitiva: é a capacidade do nosso cérebro para executar habilidades, desde executar qualquer tarefa, dá mais simples à mais complexa. Ela tem a ver com os mecanismos de como aprendemos, lembramos, resolvemos problemas e prestamos atenção, do ponto de vista pessoal.

Capacidade de tomar decisões: é o processo cognitivo que envolve a seleção de uma opção ou curso de ação entre várias alternativas. É um elemento central em nosso dia a dia, desde escolhas simples até decisões complexas que impactam nossas vidas e negócios.

Capacidade de memória: é a habilidade cognitiva que nos permite armazenar informações para logo poder compreendê-las ou elaborar um pensamento estruturado. A memória pode ser de curto ou longo prazo, dependendo do tempo de retenção dos dados.

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Segundo uma pesquisa da Universidade de Stanford, escutar muitas reclamações é ruim para o cérebro em vários fatores. Os neurocientistas verificaram que ao medir a atividade cerebral, enquanto o cérebro era confrontado com vários estímulos, incluindo uma sessão de reclamações, a atividade cerebral diminuía. Isso significa que a reclamação pode diminuir a inteligência, a criatividade e a produtividade de quem a prática ou a escuta. E o pior é que esse hábito pode se tornar viciante, pois a neuroplasticidade, a capacidade do cérebro de se adaptar e se modificar, faz com que as sinapses que se repetem se fortaleçam, criando um padrão de pensamento.

Portanto, quanto mais se reclama ou se escuta reclamações, mais difícil fica de mudar esse comportamento. E o contrário também é verdadeiro: quanto mais se pensa ou se escuta coisas positivas, mais fácil fica de cultivar uma atitude otimista. A boa notícia é que é possível reverter os efeitos da reclamação e melhorar a saúde do cérebro e do corpo. Para isso, é preciso identificar e questionar as crenças limitantes que geram a insatisfação e a negatividade. Também é preciso evitar se expor a pessoas que só sabem reclamar, ou pelo menos limitar o tempo de contato com elas.

Por outro lado, é importante buscar pessoas que tenham uma visão positiva da vida, que sejam gratas, felizes e motivadas. Essas pessoas podem lhe inspirar a ver o lado bom das coisas, a valorizar o que se tem e a buscar seus sonhos. Além disso, elas podem estimular a produção de hormônios do bem-estar, como a endorfina, a serotonina e a dopamina, que trazem benefícios para o cérebro e o corpo.

Outras formas de aumentar a felicidade e a saúde são praticar exercícios físicos, meditar, respirar profundamente, rir, abraçar, elogiar, agradecer, ajudar, aprender e se divertir. Todas essas atividades podem reduzir o cortisol e melhorar o funcionamento cerebral.

A reclamação é um hábito que pode prejudicar a vida em vários aspectos. Por isso, não deixe que os murmuradores entrem na sua vida. Escolha cercar-se de pessoas e pensamentos positivos, que vão lhe fazer bem e ajudar a crescer. Lembre-se de que a felicidade depende de si mesmo e que o cérebro pode sempre evoluir.

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