A comunicação humana e o desafio da interpretação

A comunicação humana é um fenômeno complexo e fascinante, que envolve não apenas a transmissão de informações, mas também a construção de sentidos, a expressão de emoções, a manifestação de identidades e a interação social. No entanto, a comunicação humana também é um fenômeno problemático e ambíguo, que pode gerar mal-entendidos, ruídos, conflitos, frustrações e decepções. Isso porque, como disse o famoso psicanalista francês Jacques Lacan, “você pode saber o que disse, mas nunca o que acha que o outro escutou”.

Essa frase de Lacan revela uma das principais dificuldades da comunicação humana: a interpretação. A interpretação é o processo pelo qual o receptor de uma mensagem atribui um significado ao que foi dito pelo emissor. Esse processo, porém, não é simples nem direto, pois depende de vários fatores, como o contexto, o código, o canal, o ruído, a intenção, a expectativa, a experiência, a cultura, a ideologia, a subjetividade, entre outros.

Assim, o que o emissor diz nem sempre é o que o receptor escuta, e o que o receptor escuta nem sempre é o que o emissor quis dizer. Há, portanto, uma lacuna entre o dizer e o escutar, entre o significado pretendido e o significado percebido, entre a mensagem emitida e a mensagem recebida. Essa lacuna pode ser maior ou menor, dependendo do grau de compatibilidade entre os interlocutores e os fatores que influenciam a interpretação.

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Como, então, tentar superar esse desafio da interpretação e tornar a comunicação humana mais eficaz e satisfatória? Não há uma resposta única ou definitiva para essa questão, mas há algumas dicas que podem ajudar a minimizar os ruídos e as distorções na comunicação. Algumas delas são:

– Ser claro e objetivo ao expressar-se, evitando ambiguidades, ironias, duplos sentidos, jargões e excesso de informações.

– Adaptar-se ao público-alvo, considerando o nível de conhecimento, o interesse, a motivação, a linguagem e o estilo dos receptores.

– Utilizar exemplos, analogias, metáforas, imagens e outros recursos que facilitem a compreensão e a memorização da mensagem.

– Verificar se a mensagem foi entendida, solicitando feedback, fazendo perguntas, repetindo ou reformulando o que foi dito.

– Estar atento e receptivo ao que o outro diz, ouvindo com atenção, respeito, empatia e abertura, sem interromper, julgar, criticar ou impor a sua opinião.

– Buscar esclarecer as dúvidas, as divergências, as contradições e as inconsistências que possam surgir na comunicação, dialogando de forma honesta, cordial e construtiva.

Tais dicas estão aptas a serem implementadas em nosso dia a dia, no processo comunicativo geral, mas também (e prioritariamente) na dinâmica empresarial/corporativa, onde fazer-se entender bem é crucial para lideranças e times.

A comunicação humana é um desafio constante, que exige habilidade, esforço, paciência e disposição para aprender e melhorar. Mas também é uma oportunidade única, que permite conhecer, compartilhar, influenciar, persuadir, emocionar, divertir, inspirar e transformar. Por isso, vale a pena investir e aprimorar sua comunicação, buscando superar barreiras de interpretação e construir relações mais harmoniosas, produtivas e gratificantes.

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